Exposição de Pintura a decorrer até 9 Março, em
"Côja-Editorial Moura Pinto-Espaço Fernando Valle"
Sobre a autora Carlos da Capela escreveu:
A beleza habitável das mascaras
(Sobre a obra de Amália Soares)
A maneira sábia com vive os dias mais aziagos, o optimismo militante corno
encara os dias, todos os dias, fazem de Amália Soares - e da sua pintura - urna experimentação
de pura alegria que contagia também quem dela se aproxima.
Amália Soares, artista que foi toda a vida, mesmo quando afastada do cheiro
das tintas e do seu manuseamento. fruto de circunstâncias da vida e de
preconceitos de uma época, com o seu singular espírito inquieto, sempre tem
interrogado tudo. E esse seu espírito curioso per tudo, espírito de leitora
compulsiva, atenta a todas as manifestações culturais, que assim jamais pode
deixar essa inquietação, essa constância de perguntadora do mundo.
E são as tintas e os pincéis as ferramentas que utiliza para nos interpelar
com a multicolor paleta que a sua pintura nos propõe, aconchegada ao imaginário
popular, o que nos poderia levar a pensar numa possível ecopintura.
0 mundo é amplo e variado, todos a sabemos. Hoje aqui na Editorial Moura
Pinto, com as suas múltiplas deambulações pelas manifestações culturais do
nosso povo, Amália Soares mostra-nos máscaras. Máscaras com que o povo se veste
para enfrentar as demónios que lhe infernam a vida, mas que também dão o saber
aos dias em que os santos dançam com todos os demónios.
A pintora leva-nos a olhar estas máscaras, propondo outra realidade, que medeia entre os nossos sonhos e as nossas mais longínquas memórias do
Entrudo da nossa infância.
Aprendemos mais
sobre nós com esta pintura do que com todos os planos para qualquer
coisa e coisa nenhuma.
Aprendermos muito nesta revisitação a nossa cultura e
suas práticas,reinscrevendo-as
na nossa memória, e inventando-as de outra forma na memória que há-de
vir.
Esta abordagem as
práticas culturais do povo aponta-nos o sentido de uma sempre renovada
esperança que sabe que e pela beleza que o mundo se tornará mais habitável, como
já alguém profetizou, desiderato para a qual Amália Soares vai contribuindo com
o seu trabalho.
Não foi Carlos
Amaral Dias quem escreveu que a cultura é “o copo onde se põe o vinho
dos afectos’?
Carlos da Capela,